o preto

Coisa rara, antecipo-me a um evento, e mais raro ainda, respondo a um post recente.

O racismo é um sentimento frágil.
Explico.

Os sentimentos fortes são aqueles que, em presença de uma decisão, preferimos prejudicar-nos para lhe obedecermos. Pode ser por altruísmo, por idealismo ou por condicionalismo.
Os sentimentos frágeis servem para construirmos a nossa imagem, para nos assinalar como um “carácter”, para nos promover junto dos outros. É aquilo que com facilidade dizemos ser as nossas opiniões. Contudo quando nos for conveniente vamos abandoná-los. Deixamo-los cair porque preferimos sempre viver sem eles que pagar por os conservar.

Não são necessariamente nem melhores nem piores por serem "fortes" ou "frágeis". A diferença não se faz no domínio da validade, são apenas emoções distintas quanto à intensidade.
Um sentimento forte é algo que a que nos vinculamos interiormente, e quase nunca se dá a conhecer aos outros. Os sentimentos frágeis são por natureza uma forma de propaganda, são as nossas acções de marketing, e por isso mesmo as que mais sincera e intensamente veiculamos.

Na altura em que surgiam sondagens que davam vantagem a Obama dizia-se
-”O efeito racismo não está aqui, porque perante outra pessoa, têm vergonha que pensem que é racista.”
Se isto fosse verdade, no anonimato do boletim teriam assumido essa emoção forte e em conformidade escolhido um candidato pior, só por não ser negro.
O que aconteceu foi precisamente o contrário, o resultado nas eleições foi superior ao das sondagens. Houve pessoas que preferiram que outros pensassem que iriam votar num conservador realista, e que depois escolheram um liberar idealista.

Gosto publica e assumidamente do próximo presidente dos Estados Unidos, e hei-de escrever um post – vamos ser optimistas – vários posts sobre os Estados Unidos.
Este é uma resposta à velhinha do LRO. É que se a senhora tivesse um netinho mulato, provavelmente passava a responder a mais pessoas.

Mas como toma posse amanhã, é tambem o meu tributo ao 44º presidente dos Estados Unidos.
Não acho que o Obama seja um pateta alegre, que pense que muda o mundo com palavras bonitas. Acho que é um homem inteligente e realista que acredita no poder mobilizador da palavra.



It was a creed written into the founding documents that declared the destiny of a nation./Yes we can./It was whispered by slaves and abolitionists as they blazed a trail toward freedom./Yes we can./It was sung by immigrants as they struck out from distant shores and pioneers who pushed westward against an unforgiving wilderness./Yes we can./It was the call of workers who organized; women who reached for the ballots; a President who chose the moon as our new frontier; and a King who took us to the mountaintop and pointed the way to the Promised Land./Yes we can to justice and equality./Yes we can to opportunity and prosperity./Yes we can heal this nation./Yes we can repair this world./Yes we can./We know the battle ahead will be long, but always remember that no matter what obstacles stand in our way, nothing can stand in the way of the power of millions of voices calling for change./We have been told we cannot do this by a chorus of cynics...they will only grow louder and more dissonant ........... We've been asked to pause for a reality check. We've been warned against offering the people of this nation false hope./But in the unlikely story that is America, there has never been anything false about hope./Now the hopes of the little girl who goes to a crumbling school in Dillon are the same as the dreams of the boy who learns on the streets of LA; we will remember that there is something happening in America; that we are not as divided as our politics suggests; that we are one people; we are one nation; and together, we will begin the next great chapter in the American story with three words that will ring from coast to coast; from sea to shining sea --/Yes. We. Can.

FRJ