16.10.08

Síndroma Steven Seagal

Há várias coisas nesta vida que me intrigam. Mas se tenho a sagacidade de deixar o príncipio do universo, a existência de Deus e outros mistérios de calibre semelhante para pessoas que auferem quantias avultadas para se preocuparem com isso, outras há que, ou por não provocarem comichão a mais ninguém, ou por não haver nenhum programa de apoio para a sua investigação, ficam à mercê da minha sapiência.

Uma das intrigâncias que me tem atazanado os neurónios é o que eu chamo de Síndroma Steven Seagal. O que é o Síndroma Steven Seagal? - pergunta o caro leitor. Calma pá! Se estou a escrever um post sobre a temática é porque vou explicar. Que apressados! Mas voltando ao Síndroma Steven Seagal. O Síndroma Steven Seagal, que ataca especialmente ao domingo, é a capacidade magnética dos maus filmes. A força obscura que obriga literalmente o espectador a acompanhar a acção do princípio ao fim e, mais grave, a rever o filme a cada encontro casual.
Eu, que sofro em silêncio do Síndroma Steven Seagal, confesso que tenho no meu curriculum vários visionamentos repetidos de filmes do senhor que empresta o nome ao Síndroma. Aquele então em que ele é cozinheiro numa fragata americana e avia um grupo de terrorista à facada até já perdi a conta. A obra cinematográfica do Chuck Norris também já foi objecto de várias repetições. O Desaparecido em Combate é uma manifestação clássica da doença. Outro exemplo tipico é o Die Hard I , objecto da minha atenção por quatro vezes! É filme interessante dentro do género, como são aliás todos os filmes em que o Bruce Wills faz de Bruce Wills. Mas quatro visionamentos parece-me manifestamente excessivo.

A particularidade intrigante do Síndroma Steven Seagal, é que parece não se manifestar nos filmes - ditos - de qualidade. No meu caso específico não costumo visionar mais que uma vez os filmes de que gosto verdadeiramente. Uma espécie de pudor - à falta de melhor palavra - à memória subjectiva que o filme construíu em mim impede-me de o voltar a visionar mesmo quando os apanho de forma casual na televisão ou estão programados para um qualquer obscuro ciclo de cinema.

Podemos avançar para várias explicações para o Síndroma Steven Seagal: o facto que há muitos mais filmes maus que bons; que os primeiros são objecto de muito mais repetições - porque os nosso programadores, tal como eu, sabem que o Síndroma Steven Seagal existe e é uma poderosa arma de audiências; há uma concentração absolutamente anormal de comédias românticas e filmes de porrada - outra forma de nomear filmes maus - ao domingo; o dia santo é, devido a actividades nocturnas antecedentes, o dia onde os nossos níveis de resistência à modorra do pequeno ecran estão mais baixos. Mas se estes factos podem contribuir para ajudar a compreender tão intrigante fenómeno, não será, no entanto, suficiente para explicar os meus 4x2 Bruce Wills, os meus 3 x 4 Steven Seagals, os meus 2 x 4 Chuck Norris ou os meus 3 x 3 Van Dames, e estou só a assinalar os clássicos da porrada, porque a vergonha impede a referência às comédias românticas.

Para breve as minhas impressões do cinema asiático.

LRO