18.9.09

Do amor



Com dois anos de atraso, dediquei-me ao visionamento de Diving Bell and the Butterfly.
Por esta altura já todos saberão que se trata da história de um boémio editor da revista Elle que, vítima de uma trombose, fica completamente imobilizado à excepção de uma pálpebra. Para além do óbvio - a superação das limitações físicas, a beleza estética das sequências e a claustrofobia da cena de abertura - ficou-me o amor. O amor e a sua ingratidão. É especialmente punjente a cena em que, por circunstâncias várias, Céline - a ex-mulher que o acompanha na doença - é obrigada a transmitir a Inès - a namorada que nunca vemos porque sempre ausente- a declaração de amor de Jean-Do. O amor, até aí latente nos gestos, na entrega e dedicação das mulheres que gravitam à volta do protagonista, emerge de rompante como uma faísca que não se rege pela lei das compensações, do mérito ou do possível. Amamos quem nos incendeia a alma. Ponto.

LRO