16.7.09

O monopólio de FG + SG

"A julgar pelo número de encomendas, pelo número de visitas ao site ultimasreportagens.com, serão poucos os arquitectos a resistir à sedução das imagens de Fernando Guerra que, melhor que ninguém em Portugal, soube compreender “o poder da massificação e da celeridade do consumo mediático” e compreender “ a imagem como instrumento insubstituível da difusão cultural” (11). Inteligentemente usando a arquitectura de Siza como “isco” (12), conquistou uma atenção rara dos arquitectos, estudantes de arquitectura e, não menos importante, das publicações da especialidade. Fernando Guerra parece ter hoje em dia o monopólio das imagens da arquitectura portuguesa criando uma relação de dependência entre arquitectos e editores que não querem ficar de fora do jogo da mediatização. Os arquitectos não só procuram os seus serviços pelas imagens, mas por aquilo que elas potenciam em termos de divulgação e reconhecimento. Dir-se-ia que se não foi fotografado por FG+SG é porque não existe (13). Este incómodo é partilhado por muitos e só aqueles arquitectos suficientemente convictos daquilo que fazem (e para quem, de facto, fazem) verdadeiramente ignoram. No mesmo plano do papel ao da página web, boas ou más arquitecturas (tanto faz) partilham o mesmo glamour da obra elevada à sua condição mediática. Poderá ser por um período efémero (será certamente para a grande maioria), mas esse breve momento de celebração e 15 minutos de fama representará todo o investimento do arquitecto, aparentemente crente num “mundo perfeito” – a metáfora ideal para descrever o tempo que muitos veneram demarcado com rigor entre a conclusão da obra e a consequente entrada do cliente. E o preço a pagar: vultos e sombras, como fantasmas, que habitam casas vazias, sem móveis, sem livros, sem saber por onde ir, circulam de imagem em imagem sem encontrarem um lugar para apropriar e viver."
Pedro Bandeira in Arte Capital

LRO