10.6.09

Da abstenção e do protesto

Como andei envolvido no país real - expressão que a  classe política e jornalistica gosta de usar para tudo o que não seja politica e jornalismo - passaram-se as horas para vir aqui ao estaminé deixar a minha extensa e importante reflexão  sobre as eleições de domingo.
Duas constações: muita abstenção e muito protesto.
Os dois são perigosos porque podem descambar nisto.

À cerca da abstenção - que já se sabe nada tem a ver com o comprometimento civico das pessoas, mas com dados metereológicos: ora sobe quando faz sol porque as pessoas querem ir à praia, ora sobe quando chove porque as pessoas não querem sair de casa, ora sobe quando faz vento porque está desagradável... - parece-me ser uma marca das democracias mais consolidadas e da importância que os intervenientes conseguem transmitir ao acto eleitoral. Eu, por mim, estou lá sempre para pôr a cruzinha, que houve muito homem e mulher que apanhou porrada, foi preso e assassinado para eu poder pôr a dita cruzinha. Quanto a essa nova onda argumentativa de que a abstenção é um voto de protesto contra o sistema vigente, pois... deve ser. Aliás diria até que é uma brilhante estratégia: vou ficar aqui no meu cantinho sem fazer nada para ver se o sistema anota o meu descontamento...

À cerca do protesto e da opinião pública entender estas eleições como uma ocasião para radicalizar as opções e dessa maneira passar uma mensagem junto das forças políticas mais convencionais, eu não tenho nada contra o protesto - antes pelo contrário - mas as pessoas têm que entender que este panorama que ajudaram a construir no parlamento europeu é um protesto que nos pode vir a sair muito caro. Para já, e porque sou um activista, vou ficar muito quietinho na praia à espera que a extrema direita, que tomou de assalto o parlamento europeu, ouça o meu silêncio ensurdecedor.

LRO