19.3.09

Da Baixa

A Baixa tem estado sujeita a restrições ao nível da sua mobilidade. Uma estratégia posta em prática pelo Câmara Municipal de Lisboa com intuito duplo de resolver os contrangimentos impostos pelas obras no Terreiro do Paço e testar a solução de transferência do trânsito paralelo ao rio para a Rua do Arsenal de modo definitivo. As três pessoas que lêem regularmente este blog sabem das minhas reticências em relação a tal solução. Pois bem, com o espirito democrático e generoso que caracteriza a minha postura perante planos urbanos que avançam com soluções alternativas ao status quo - sobretudo aqueles que privilegiam o peão em detrimento do automóvel - deixei passar umas semanas antes de me considerar apto a pronunciar sobre o(s) resultado(s).

Pois bem, as ditas semanas passaram e o meu balanço é... tocam os tambores... resulta mais ou menos. Calma, calma... eu sei que isto é uma opinião muito fraquinha - mais ou menos! Que raio de opinião é esta! Ou resulta ou não resulta. Mas a vida, como os resultados das nossas acções, não é preto e branco como os filmes do Van Damme - onde os maus são mesmo maus e os bonzinhos são seres imaculados e sofridos. A vida é cinzenta, dos tons mais escuros aos mais claros. Este plano diria que é cinzento meio da tabela. E porquê? Porque resolve um problema que é o trânsito de atravessamento da Baixa no sentido Rio / Marquês de Pombal - há incomparavelmente menos trânsito o que se traduz na diminuição da poluição atmosférica e, sobretudo, sonora. Chegados a este ponto parece-me importante informar que trabalho na Baixa e, por isso, estou-me a reportar à minha experiência diária e não a uma qualquer impressão sacada numa visita esporádica. É de sublinhar que a re-pavimentação das principais vias das Baixa foi também um factor determinante para o abaixamento dos níveis de ruído. Os automóveis antes picaretas andantes, parecem agora deslizar suavemente pelo asfalto. O senão deste teste tem sido como já desconfiava a resolução do trânsito paralelo ao rio. As filas no Campo das Cebolas e no Cais do Sodré tem sido assíduas e o Terreiro do Paço com o trânsito que dantes passava junto ao rio agora a passar junto ao arco da Rua Augusta não está menos tranquilo.

Concluindo, temos um empate 1-1. Haja agora clarividência para os senhores do plano manterem o que resulta e modificar o que manifestamente não funciona. Isto pode parecer fácil ao comum dos mortais, mas os senhores do plano regra geral são pouco adeptos do senso comum e de facilidades.

LRO