25.3.09

10 kms e 200 decisões por jogo

Amadores num mundo de profissionais, os árbitros são também seres solitários. Correm cerca de dez quilómetros em cada encontro, tomam perto de 200 decisões em cada 90 minutos, têm permanentemente de vigiar uma área de um hectare, onde muitas vezes, como destaca Luís Guilherme, os jogadores "os tentam enganar com simulações". "Do princípio ao fim do jogo, suando oceanos, o árbitro está obrigado a perseguir a bola branca que vai e vem entre os pés alheios. É evidente que adoraria jogar com ela, mas essa graça nunca lhe foi concedida. Quando a bola, por acidente, lhe toca no corpo, todo o público recorda a sua mãe", escreveu Galeano, no seu livro Futebol, Sol e Sombra, o mesmo em que deixou gravada mais uma verdade que parece eterna: "Bode expiatório de todos os erros, explicação de todas as desgraças, os adeptos teriam de o inventar se ele não existisse. Quanto mais o odeiam, mais dele necessitam."
Hugo Daniel Sousa . Público 24.03.2009

Um excerto de um artigo que vale a pena ler do Hugo Sousa sobre a arbitragem. O tom e o conteúdo no quadrante oposto da verborreia que tem atravessado jornais, paineleiros e blogsfera desde o fatídico penalty.

LRO