E afinal andava eu a pregar junto do meu círculo mais próximo que a contínua desertificação de Lisboa me parecia algo exagerada e que era disruptiva - uma palavra muito em voga e creio deixa perceber que leio muitos livros e tenho regularmente conversas pertinentes com indíviduos barbudos com uma estrutura moral e intelectual disruptiva do status quo - da minha experiência de habitante e trabalhador do centro de Lisboa e aparece agora esta noticia no Diário de Noticias de que destaco este parágrafo:
Há indícios de que, em algumas freguesias de Lisboa, certos bairros não estão a perder gente. Apesar da propalada desertificação do centro da cidade que se invoca desde os anos 80, há sinais de que esta tendência de perda de habitantes na capital poderá estar estabilizada ou mesmo a inverter-se.
Diário de Noticias 03.002.2009
A minha preocupação sobre esta temática era tamanha que até andei a falar com uma investigadora credenciada na área da estatística - por sinal minha prima - sobre a margem de erro dos tais estudos que sustentavam o decréscimo de habitantes de Lisboa. As suas palavras, mas é preciso desconfiar que a miúda ganha a vida a fazer estudos estatísticos, foram de pouca crença num erro relevante porque, e segundo me explicou, os estudos são baseados nos Censos e revistos com base em diversas projecções e dados recolhidos através das mais variadas fontes.
A minha principal objecção a tais estudos, para além da minha preciosa experiência pessoal - que, como diria qualquer político comentando sondagens em vésperas de eleições, vale o que vale - é a capacidade de integração na estatística de uma população flutuante cuja burocracia normalmente localiza noutras paragens como os imigrantes, estudantes deslocados, trabalhadores temporários, etc...
E para não irmos mais longe - até porque não me dá jeito - tomemos como exemplo a minha pessoa. Morador no centro de Lisboa há pelo menos 5 anos, continuo, para todos os efeitos legais, por muitos e variados motivos que agora não são relevantes, com residência num concelho límitrofe de Lisboa. Como eu haverá muitos mais e eu até conheço alguns e tudo. Não será, por isto e mais uma série de razões que o tempo não me permite alinhavar neste corpo de texto, a propagada debandada da capital como a alegada notícia da morte de Mark Twain: exagerada?
LRO