2.11.08

Uma no cravo e outra na ferradura

Hoje no Público ali bem juntinhas estas duas notícias:
- Câmara de Lisboa abdica de casas novas e centro de arte para fazer escritórios
- Ateliers da CML vão ser atribuídos só por concurso


Quanto à primeira precisaria de conhecer melhor os pressupostos por trás desta operação de alteração, mas ainda assim e à partida analisando os dados em questão:
- projectos de execução de quatro lotes para o lixo; (mais ou menos 1 milhão de euros)
- aumento de 10% de área de construção;
- mais escritórios naquela zona
- centro de arte e residência de estudantes por um canudo
- tudo decidido já depois de 600 fogos vendidos a jovens exigentes - como publicita um vídeo já antigo da EPUL - comprados com base no plano inicial.

O que me parece é que vai dar mais um espectacular imbróglio juridico com alguns daqueles 600 jovens exigentes a pedir explicações e indeminizações à Câmara nos tribunais por esta alteração a meio do jogo. O atelier Promontório, autor do projecto, vai lavar as mãos da obra que fica inevitavelmente descaracterizada. A ideia central de repovoar a cidade de jovens (conceito deveras interessante e que tentarei desenvolver num outro post se houver inteligência e tempo) fica truncada pela primazia de escritórios e a saída de cena da residência de estudantes. E esta confusão com custos que se adivinham a léguas para quê? Para mais umas centenas de metros quadrados de escritórios? Porquê?

Na minha óptica o que se passa é um caso típico de entra equipa nova - imensamente mais inteligente e espectacular - que, para se afirmar, toca de remexer em tudo o que a equipa antecessora - obviamente menos apta e espectacular - pôs em marcha. Ai e os direitos dos jovens exigentes e os compromissos assumidos e as expectativas criadas? Depois logo se vê! Para já vamos só brincar aqui com os volumes e com o programa que alguém depois paga a factura.


Quanto à segunda notícia. E sim senhor. Finalmente um regulamento para os ateliers camarários e com prazo temporal e tudo.

E o que me deixa triste no meio disto tudo, é a minha inépcia em ter dedicado 1410 caracteres à trapalhada de Entrecampos e apenas uns míseros 103 caracteres à mais valia do novo regulamento. Com esta atitude crítica não há incentivos para um bom desempenho...

LRO