19.11.08

In transit

A Google Portugal apresentou ontem o Google Transit, uma ferramenta dedicada a quem se movimenta em Lisboa de transportes públicos. Segundo o Diário de Notícias Lisboa é a 2ª capital europeia onde este serviço está disponível. Basicamente, o utilizador insere o ponto de partida e o ponto de chegada e o programa fornece uma série de opções que podem incluir percursos a pé, de autocarro ou metro. Chega mesmo a dar a indicação do preço dos bilhetes.

O automóvel, com os massivos movimentos pendulares casa-trabalho que origina, bem como, a área que ocupa quando estacionado, é um dos principais factores de degradação do espaço urbano da área metropolitana de Lisboa. Isto está identificado e é até consensual. O antídoto para tal patologia também está ao alcance de qualquer pessoa com dois dedos de testa: transportes públicos! Se da mesa do café à sala da assembleia municipal este raciocínio é consensual, a implementação de uma política direccionada para o transporte colectivo tem esbarrado na falta de coragem da classe política e no activismo dos solitários de volante - que têm sempre uma boa razão para adoptarem o automóvel, ao contrário do seu vizinho, porco egoísta que podia ir perfeitamente de transportes públicos. A oferta de um serviço mais integrado e fiável ao nível dos transportes públicos pode também ajudar à necessária guinada no leme das deslocações urbanas, mas eu, ao contrário da maioria sempre insatisfeita, considero que o sistema funciona razoavelmente bem e que teria mesmo um desempenho espectacular se liberto da pressão do tráfego individual. Esta opinião não invalida que alguns ajustes e a introdução de novas formas de uso e ferramentas tecnológicas - como o citado Goolge Transit, serviços de georeferenciação, partilha de veículos... - possa vir a torná-los mais competitivos.

No entanto, nesta como noutras causas, o cerne da questão é a consciencialização das pessoas no sentido que cada um de nós, e não o nosso vizinho, pode ser parte da solução se adoptar novos hábitos. Claro que é difícil, mas também não disse que isto é feito de hoje para amanhã. Demora tempo, requere investimento e mais informação e menos fogo de artíficio.

Claro que buracos negros da inteligência humana, como a estagnação do metro à mais de 20 anos a míseros trezentos metros do aeroporto, não ajudam a convencer ninguém da boa fé e da sapiência de quem decide nesta coisa da mobilidade.

LRO