Uma pessoa vai dar uma volta ao estrangeiro e quando volta fecharam-lhe o estabelecimento onde se abastecia de vitelinhos - para os menos informados nestas coisas dos salgados, um vitelinho é, ao contrário do que o nome indica, um croquete assim para o gigante. O diminuitivo está ali só para enganar os incautos. Sei que ainda vos devo o meu top de croquetes das casas de restauração da Baixa que ficou agendado numa prosa anterior, mas a motivação deste post não se situa no quadrante da gastronomia.
A casa onde me abastecia de vitelinhos - e de mil folhas quando estava para aí virado - respondia pelo nome de Lua de Mel. Três décadas de actividade na Rua da Prata interrompidas por um aviso de limpezas na 6a-feira que se veio a revelar um embuste para esvaziar o estabelecimento do seu património e tornar irremediável o seu encerramento na 2a-feira. Os trabalhadores surpreendidos às primeiras horas da manhã, permaneceram na via pública para tornar presente a injustiça. Ontem vários se solidarizaram. Hoje alguns. Amanhã a história já se perdeu na espuma dos dias e a rotina dos vitelinhos foi resgatada noutras paragens.
É a crueldade da memória...
LRO